terça-feira, 15 de setembro de 2009

Mimados e Ricos

Estas eleições vão mudar a nossa vida e não se sente nem entusiasmo nem preocupação. Todos se queixam mas o que se vê, é que nunca se viveu tão bem. Computadores para adultos (tantos que ao lixo doméstico se deitam), casas (com “parquete” e sem “parquete”), ajudas ao desbarato com estagiários L e T e quejandos, subsídios por dá cá aquela palha e rendimentos mínimos, médios e máximos, sem conta; computadores para crianças ao preço da chuva, projectos disto e daquilo generosamente apoiados; os jovens recebem apoios para morar e para comer, os sem abrigo são alimentados e abrigados em tanta abundância que crescem lugares vazios nas casas a isso destinadas; idosos são apoiados dentro e fora dos domicílios com comidas e tratamentos; serviço de saúde como nunca com esperas que resultam apenas da multidão que acode aos hospitais. Estudantes (pobres e menos pobres) são auxiliados nas compras de material. O que se vê é os hippers cheios; quase todos com dois telemóveis de duas redes, em casas onde antes se lutava por uma côdea de pão hoje discute-se porque a conta do telemóvel ultrapassou o orçamento (que nunca se sabe quanto é); multidões a consumir droga pelos cantos (e se é cara!) que assusta. Casas com dois carros e motas, com ralis e sem ralis com “motocrosses” e sem eles. Praias (limpas e varridas diariamente) com nadadores salvadores e centenas com pranchas bem caras de “bodibordes” (onde antes havia um pobre pescador com uns óculos feitos à mão de “cambrandar” e “vrido” de janela e improvisados arpões de ferros enferrujados e torcidos à martelada em casa de cada um), criadas de servir que não dispensam cabeleireira; cruzeiros anuais ( e bi e tri…), marinas com iates de vários tamanhos, motas de água e outros (e caros) instrumentos de navegação. Jornais com dezenas de folhas subsidiadas (onde estão os de 2 e 4 páginas de antigamente?) reclamando que se deram 200 casas e não 300; televisões e antenas sofisticadas, internetes de várias velocidades, gameboys para os meninos e para as meninas (sempre esgotados) etc. obras públicas com tanta mão dobra que tem de vir de fora que a nossa não chega. Podia continuar a lista quase indefinidamente. Votar sim mas com a consciência de que as reclamações que se ouvem são as dos meninos mimados e ricos do tempo antigo.
Carlos Melo Bento
2009-09-15

1 comentário:

melo angelo disse...

A arte de distribuir riqueza, não é para qualquer um, a demasiada abundância gera desmazelo. As pessoas preocupam-se demasiado com o ter, mas ter sem Ser é viver no escuro.