terça-feira, 11 de maio de 2010

Quanto antes

Quando se inventam factos com intuitos malévolos ou inconfessáveis pratica-se uma imoralidade e um crime. Quando se sabe que tais actos são falsos e quem os usa não presta, divulgá-los é colocarmo-nos ao nível dos escroques que usam a liberdade, não para dizerem o que devem mas o que querem para sem escrúpulos realizar interesses inconfessáveis. Mesmo que da sua acção resultem mágoas e dores profundas em pessoas inocentes e sérias que agem com cuidado para não ferirem ninguém. O ladrão rouba e agride mas se o polícia nos defende a vida e o património com zelo e firmeza, ferindo o assaltante ou até matando-o para não ser morto, então é o pobre polícia que se vê em palpos de aranha ou no banco dos réus ou na cadeia ou no cemitério sem que a família receba coisa que se veja por ter perdido o seu ganha pão. E se alguém faz justiça por suas mãos no auge da indignação e revolta por a autoridade ter desaparecido, então ainda é pior. Esta situação está infelizmente a generalizar-se a outros sectores da nossa vida, criando uma mentalidade de que o bandido é que é o esperto, que o estado está aí é para lhe dar o rendimento mínimo, casa, tratamento médico, reforma, droga e subsídio de enterro e que as pessoas sérias ou de colarinho branco (e portanto criminosos em potência) têm é que se isolar em condomínios e não se misturar com a ralé para não saírem sujos ou condenados. Há quem defenda que nos devamos defender dos que nos infamam, a murro. Mas parece é que esses párias que, por ganância ou pior, fazem das suas vidas o inferno da dos outros, precisam mas é dum desprezo tão profundo que nem os cães raivosos os queiram para companheiros. Infelizmente, o velho espírito crítico que nos impedia de acreditar em mentiras e aleivosias anda um pouco desvanecido. É preciso reagir com firmeza e separar o trigo do joio. Quanto antes.
Carlos Melo Bento
2010-05-11

quarta-feira, 5 de maio de 2010

União e força

Na tempestade política que se vem desenvolvendo no horizonte, agravada ou provocada pela catástrofe financeira lá de fora, é preciso pensar em nós como povo, como território e como sociedade politicamente organizada.

Cerrar fileiras deve ser o grito de guerra dos bons açorianos, de todos aqueles que escolheram os Açores para viver e morrer ou tiveram esse privilégio por outras razões. Se não formos nós a criar aqui boas condições, vamos viver mal porque as sociedades não se movimentam por ideais mas por interesses. Quando o ideal serve, tudo bem. Quando não, são as razões materiais que movimentam os povos e imperam na nudez das suas exigências e ganâncias incontroláveis. Foi assim quando nos roubaram o dinheiro da venda das misericórdias e quando substituíram as nossas libras de ouro por papel sem valor ou quando extinguiram a moeda insulana roubando-nos os muitos milhões depositados no Banco de Portugal.

Aproximam-se tempos de tomar decisões e fazer escolhas difíceis e, na falta de opções claramente a nosso favor, haveremos de ter de pesar muito bem os prós e os contras, antes de decidir, com prudência o que vale mais: se uma abstenção sem significado ou um mal menor de algum modo lucrativo para os nossos interesses sagrados que se não formos nós a defender, mais ninguém o fará.

Quem entre nós tem mais obrigação de conhecer o que se passa nos bastidores de dentro e de fora é o governo por isso lhe pagamos o que ganha. É que, não haja dúvidas, o comum dos mortais não sabe o que se passa neste mundo de vigaristas e de loucos que puseram a perder um sistema que era suposto funcionar bem e que nos atirou para falências o desempregos desgraçados e imprevisíveis. E se o governo é quem mais sabe, então temos conveniência de o seguirmos, até que acabe o mandato, não vá o barco naufragar e nós com ele.
Carlos Melo Bento
2010-05-04
Contenção verbal
A nossa auto-estima deixa muito a desejar. O Presidente da República, de visita ao estrangeiro, ouve da boca do homólogo anfitrião palavras duma falta de educação só compatíveis com abuso de álcool ou pré-aviso de guerra. Mesmo que fosse verdade que o país estivesse à beira da bancarrota (o que nem é o caso) esse senhor não tinha o direito de, violando os sagrados deveres da hospitalidade, atirar à cara do seu hóspede um facto menos dignificante. Já nada me admira na ralé que governa o mundo desde que o homem mais poderoso da terra usou a mais famosa sala do planeta como lupanar rasca e mandou meterem-se na sua vida a quem o criticou, achando natural que um chefe de estado, pai de família e marido, ali fizesse sexo oral com uma jovem de 19 anos…O que estranho é que o governo de Lisboa não tenha de imediato chamado o nosso Embaixador em Praga ou lá como se chama agora a capital dessa chafarica de carroceiros, para um veemente protesto e para exigir um imediato pedido de desculpas formais. É que, quem se não sente não é filho de boa gente. Não morro de amores por Cavaco Silva mas, enquanto as coisas estiverem como estão, ele é o Chefe de Estado do nosso País e, qualquer ofensa que lhe é feita é como se o fosse a qualquer de nós. Como não tenho poder para mais, apetece-me escrever ao indelicado governante do leste, perguntando-lhe como fazem os indefectíveis do Santa Clara quando os árbitros cometem asneiras de cheque e palmatória: Quem é tê pá? Quem é tê pá? E quando julgam o primeiro-ministro Sócrates, supostamente o homem mais poderoso e necessário do país (como Salazar provou durante 40 anos), por meras insinuações torpes e alheias ao exercício do cargo que, numa altura tão perigosa como esta, precisa ser respeitado, apoiado e fortalecido, o que me apetece dizer não o posso escrever aqui.
Carlos Melo Bento
2010-04-27