terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Incógnita

Um famoso comentador político referiu Domingo passado, com absoluto bom senso que o país necessita, neste ano fatídico, dum governo forte, insinuando que Sócrates deveria sê-lo mas acrescentando, decepcionantemente que, por causa duma empresa inglesa qualquer, ele estava chamuscado e politicamente enfraquecido. Esclareça-se que: o que afectar Sócrates nos afecta a nós, que a empresa inglesa construiu em Portugal o maior centro de outlets da Europa e que meia dúzia de garças, por causa disso foram nidificar para longe. A Quercus entrou em parafuso, o governo esteve ou está quase a cair e há um despacho da Procuradoria com quatro anos que estranhou a pressa com que o processo foi despachado (ignora-se se estranhou não ter descoberto infracção à lei porque disso não curaram os “media”). Se se faz é porque se faz, se se faz depressa, é porque se faz depressa, se não se faz, ninguém se importa porque a preguiça nunca foi crime neste pobre país. Se não apanhássemos por tabela, mais esta guerra tola ser-nos-ia completamente indiferente. Como nos afecta, devemos opinar. Portugal, no meio da tempestade financeira que abala o mundo, tem de manter o piloto e ter intacta a estrutura do barco. Senão naufragamos. Por uma vez, guarde-se na gaveta da inveja, na prateleira das ambições, e na estante da cegueira o que nos divide e façamos, no essencial, uma muralha de aço, contra a que esbarrarão os interesses inconfessáveis dos que vivem da desgraça alheia. Se não, o futuro será uma incógnita assustadora.
Carlos Melo bento
2009-01-27

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Três volumes da História dos Açores em um só.


Está à venda na Livraria Gil em Ponta Delgada e na Estação de Serviço Azória no Azores Parque, Canada das Murtas ou Caminho Velho do Pico da Pedra e na Livraria Solmar. Caso pretenda que lho enviemos pelo correio à cobrança, custar-lhe-à 19,00€. Encomende já para: carlosmbento@hotmail.com

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Nasceu

Talvez que os observadores não o tenham percebido, mas penso que a autonomia constitucional de 1976 acabou de nascer. Parece estranha esta afirmação pois que, há trinta e três anos em vigor perante a ordem jurídica, porque razão só agora seria uma realidade? O meu argumento é este: até ao momento em que o senhor Presidente da República assina, contrariado, o Estatuto Açoriano, a autonomia de 1976 não passava duma encenação destinada a atirar poeira aos olhos dos açorianos, a qual, misturada com algum dinheiro alegada (mas falsamente) oferecido pela “metrópole”, foi o suficiente para, durante três décadas, levar os incautos a pensar que gozavam de alguma autoridade sobre a sua própria governação. Mas quando os açorianos, por unanimidade, impõem uma lei para-constitucional, contrariando a vontade expressa do Chefe de Estado que (honra lhe seja) a promulga porque reconhece (contra vontade) que tem de fazê-lo sob pena de subverter a ordem jurídica que jurou defender, aí sim, nasce uma vontade mais forte que o centralismo, que respeita um valor que lhe é superior e que contrariamente ao que julgam os velhos do Restelo, une mais do que separa os portugueses que, aqui, se chamam açorianos. O amor das Pátrias não se decreta nem se impõe. Existe ou não. José de Almeida proclamou a independência que ainda não é uma realidade. Carlos César impôs pela primeira vez a autonomia política açoriana que estava apenas na letra da lei. A História dirá qual destes conceitos vingará no futuro.
Carlos Melo Bento
2009-01-20

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Claramente

Nuno Almeida e Sousa, em programa radiofónico, informou, que o Estado tem nos Açores muito património abandonado e/ou degradado que aliás elencou. Só que, para além disso, penso que os serviços do Estado nestas ilhas são de facto pouco eficientes para dizer o mínimo. Por qualquer razão que escapa ao entendimento do comum dos mortais, há uma sensação de abandono em tudo que não pertence aos órgãos autonómicos. Mas não é abandono. É assim mesmo. O centralismo não sabe governar as periferias. Sabe é mandar nelas. Fazer não faz. Mas também não deixa fazer. E este é o absurdo das guerras que declara. Não confia nem desconfia: manda. Jardim chama-lhes colonialistas mas parece que não. É mesmo birra. Querem ser ouvidos? NÂO. Querem içar bandeiras? NÂO! Querem-se chamar açorianos? NÂO!! Mas, ouçam lá, a quinta da Lagoa das Furnas está a cair aos bocados e é da Presidência da República, não é melhor consertar a casa, arranjar os jardins paradisíacos que pode o Chefe de Estado querer dar um passeio soberano à Ilha do Arcanjo? NÂO!!!! Mas o Polígono Acústico de Santa Maria está todo vandalizado e abandonado e roubado e arruinado, não era melhor?...NÂO!!!!! E a PJ que não tem meios para lutar contra o tráfico de droga que se espalha assustadoramente? NÂO!!!!!! E a Universidade cuja verba? NÂO! NÂO! E NÂO! E o palácio Marquês da Praia que ameaça ruína? NÂO! De facto, isto não é colonialismo. Deve ser constitucionalismo, é o que é. Sucessivo. Perguntem a Jorge Miranda que ele dirá: claramente!
Carlos Melo Bento
2009-01-13

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

"Nós o Povo..."

Com estas palavras começa a Constituição dos Estados Unidos da América, o primeiro país que se fundou à luz dos sãos princípios da Revolução Francesa de igualdade, liberdade e fraternidade e tão bem o fez que cresceram e se tornaram na nação mais poderosa do planeta. O seu sistema político fê-la imbatível a nível interno e externo, e essa Constituição já vai com mais de duzentos anos tão sólida como no primeiro dia. A nossa tem 32 anos e está sempre a mudar e Portugal tem quase mil anos de existência e está como está! Algo está mal e certamente não é a Constituição americana. Nela se diz que o parlamento, ali chamado Congresso, pode destituir o presidente mas não prevê que o presidente possa dissolver o Congresso. E a coisa tem lógica porque se quem manda somos “nós o povo”, o presidente tem mais é que respeitar os seus representantes e não o contrário. Assim se respeita a democracia. Assim se vive em democracia. Assim existe democracia. Transpondo a coisa para nós que desde 1974, felizmente, temos sabido viver em democracia, o Presidente da República não devia ter o poder de dissolver Parlamentos pois isso transfere para uma pessoa só um poder que na verdade só o povo e os seus representantes devem poder exercer. Por isso há que mudar a Constituição para lhe dar um cariz essencialmente democrata. O Representante da República corajosamente falou no Povo Açoriano e louvou o nosso Estatuto. Coragem e lucidez não lhe faltam. Que pena o cargo não ser ocupado por eleição.
Carlos Melo Bento
2009-01-06