sexta-feira, 3 de março de 2017

Os são-miguéis

Uma viagem profissional a S. Jorge deu para perceber que anda no ar uma miserável campanha contra S. Miguel. Aos são-miguéis tudo de ruim é atribuído. É atributo cuspido com desprezo e algum ódio como se os micalenses fossem a causa de todos os males que os atormentam. Anteriormente só se ouvia esse insulto vindo da Terceira. Aqui até se percebe por causa dos complexos de inferioridade económicos, inversamente proporcionais aos intelectuais e culturais. Todavia numa ilha como S. Jorge com uma mentalidade política tão conservadora como S. Miguel, empreendedores infatigáveis, produtores do queijo mais famoso do país e certamente um dos melhores do mundo, é incompreensível que nos atribuam culpas que não temos nem defeitos que não são os nossos. Com a campanha eleitoral em curso cheira a qualquer manobra de bastidor destinada a dividir o arquipélago e com ele o nosso Povo em dois grupos: os micalenses por um lado, os maus, e os demais de todas as outras ilhas, os bons. Para além do perigo imenso que este divisionismo provoca, pois a união é a nossa maior força, essa atitude magoa e muito, e nós não merecemos isso! A divisão só beneficia os inimigos do Povo Açoriano e nem é preciso dizer-lhes o nome; a dor vem do sentimento de ingratidão e quem não se sente não é filho de boa gente. Depois é mentira: nós perdemos o banco e a companhia de seguros engolidos na voragem do desenvolvimento harmónico que aceitámos de bom grado; nós temos menos representação parlamentar, tendo em conta que somos mais de metade da população eleitora e temos muito menos de metade de deputados; as nossas fábricas de laticínios (salvo honrosas exceções) deixaram de nos pertencer e não é justo que paguemos por aquilo que os atuais donos fazem em nome dos seus interesses materiais. Acabem com isso já porque ninguém ganha em denegrir o irmão mais forte. A Família é que perde. 
1 de outubro de 2016  

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