quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Erro Grosseiro

Vimos assistindo, de algum tempo para cá, a uma série de acontecimentos estranhos que minam objectivamente os fundamentos do Estado. Primeiro, foi um deputado e antigo Ministro de Estado preso preventivamente num escandaloso processo-crime, facto que certamente não abonou muito os seus colegas parlamentares nem a casa onde trabalham em representação de todos nós, com a agravante de a Justiça superior acabar por concluir que ele estava inocente! O poder legislativo não ficou prestigiado. Depois, foi um Primeiro-ministro, supostamente a pessoa mais poderosa do País, abalado até cair, apesar de ter uma maioria parlamentar que o sustinha. A imagem do governo como instituição, piorou. A par, um processo judicial completamente inábil que tolamente se prolonga há anos sem necessidade, conspurcando o trabalho árduo duma Justiça respeitada há séculos sem que os seus operadores saibam pôr-lhe um fim decente. O poder judicial passou a ser objecto de chacota. Depois, o próprio Chefe de Estado é chamuscado com a suspeita lançada sobre um dos seus homens de confiança, envolvido numa gestão difícil de entender. Agora, novamente, um Primeiro-ministro vítima duma campanha sórdida que não poupa nem a sua família próxima, ameaçando transformar o País numa aparente choldra pestilenta. A nossa tolerância perante estes tristes dislates tem que ter um limite, para que não tenhamos de dizer como o Eça que isto não é um País, mas um erro grosseiro da civilização.
Carlos Melo Bento
2009-02-03

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