terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Incógnita

Um famoso comentador político referiu Domingo passado, com absoluto bom senso que o país necessita, neste ano fatídico, dum governo forte, insinuando que Sócrates deveria sê-lo mas acrescentando, decepcionantemente que, por causa duma empresa inglesa qualquer, ele estava chamuscado e politicamente enfraquecido. Esclareça-se que: o que afectar Sócrates nos afecta a nós, que a empresa inglesa construiu em Portugal o maior centro de outlets da Europa e que meia dúzia de garças, por causa disso foram nidificar para longe. A Quercus entrou em parafuso, o governo esteve ou está quase a cair e há um despacho da Procuradoria com quatro anos que estranhou a pressa com que o processo foi despachado (ignora-se se estranhou não ter descoberto infracção à lei porque disso não curaram os “media”). Se se faz é porque se faz, se se faz depressa, é porque se faz depressa, se não se faz, ninguém se importa porque a preguiça nunca foi crime neste pobre país. Se não apanhássemos por tabela, mais esta guerra tola ser-nos-ia completamente indiferente. Como nos afecta, devemos opinar. Portugal, no meio da tempestade financeira que abala o mundo, tem de manter o piloto e ter intacta a estrutura do barco. Senão naufragamos. Por uma vez, guarde-se na gaveta da inveja, na prateleira das ambições, e na estante da cegueira o que nos divide e façamos, no essencial, uma muralha de aço, contra a que esbarrarão os interesses inconfessáveis dos que vivem da desgraça alheia. Se não, o futuro será uma incógnita assustadora.
Carlos Melo bento
2009-01-27

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