Cavaco Silva, em oportuna intervenção, aconselhou, perante o abismo financeiro para que caminhamos, a abandonar questões secundárias e a concentrar-nos no essencial que, segundo ele, é a criação de empregos. O barco a afundar-se, no meio de tempestade medonha, e os marinheiros a discutirem a ementa da ceia, obrigava, de facto, a intervenção dura da autoridade responsável. Resta saber qual a decisão mais sábia. Dinheiro para cima dos problemas lembra transfusão de sangue para cadáver; dispendioso e inútil. Quer-me parecer que um subsídio de desemprego condicional, a troco da obrigação de aprender a ler e a escrever, para os analfabetos e formação profissional para os desqualificados, seria uma forma de melhorar a situação dos mais carenciados e mais frágeis, salvaguardando o respeito por si próprios cuja falta, no bom dizer do Padre Weber Machado, é fonte das maiores desgraças pessoais e sociais. Subsídio de desemprego mas sem dependência de formalismos burocráticos ou de descontos formalizados. Desempregado que cumprisse, recebia. Por outro lado, as empresas afectadas pelo excesso de produção têm de reconverter-se rapidamente e procurar faixas do mercado menos entulhadas de oferta, sob pena de falirem com os armazéns cheios. Quem o fizer merece protecção. Empregos não se fabricam. Ou são necessários ou não. Os bancos, salvaguardadas e bem as poupanças dos que neles confiaram, podem e devem, sozinhos, iluminar o mercado, sob pena de não passarem de casas de penhores falidas e inúteis.
Carlos Melo Bento
2009-02-10
Carlos Melo Bento
2009-02-10
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