Em 1954 foi aprovado para a Guiné, Angola e Moçambique o Estatuto do Indígena que vigorou até aos anos sessenta. Qualquer semelhança com o estatuto que agora nos querem impor não parece coincidência, antes um resquício do espírito que deu o Brasil sem guerra e aqueles países, depois duma sangrenta e de todo inútil carnificina para os dois lados. Com um denominador comum: os que aprovaram esses estatutos têm sempre razão, força e poder na altura em que os fazem. O Estatuto do Indigenato regulava a vida dos actuais povos soberanos daqueles países duma forma perfeitamente legal e sempre incomparavelmente sábia… Claro que não se reconhecia a esses povos qualquer direito de opinião sobre o dito estatuto, até que as Nações Unidas (ou os Estados Unidos, vai lá saber-se) o puseram fora de moda. Eram todos portugueses (do Minho a Timor, lembram-se?) e não havia cá povos deste ou daquele lugar. Deu no que deu. Agora somos nós. Ao arrepio das regras democráticas, não é o povo destas ilhas que manda. São eles. Os açorianos por unanimidade querem branco? Que se lixem pois Lisboa é que manda neles e preto é que há-de ser. E os assimilados (em África eram os que falavam português, cá devem ser os que falam à moda…)? Chamar democracia a esse regime é uma impropriedade. Aguardemos a vinda da Constituição da Região Autónoma dos Açores, aprovada unicamente pela nossa Assembleia. Visionada pelo Presidente da República. E já é muito.
Carlos Melo Bento
2008-06-16
Carlos Melo Bento
2008-06-16
1 comentário:
O que eu acho é que é (quase) um desperdício alguém escrever artigos com este poder de ironia clarividente, para depois não fazerem escola e ajudarem assim no desenterro do ridículo que nos cobre a todos, pelo desejo pérfido de ocasionistas, tanto dum lado como do outro.
Se todos os açorianos o pudessem ler, acredito que muitos se iriam sentir mal, envergonhados, revoltados e mudar de desígnio ou paradigma, como é moda agora.
Viver nesta humilhação constante, sabendo que é infligida com todos os cuidados e propósitos, para assim melhor de nós e por nós se vangloriarem, se rirem e saciarem, é das coisas mais terríveis de suportar, para quem, se sentindo açoriano, perceba e queira viver e praticar a dignidade e o carácter.
De qualquer maneira, vivam os Açores e abaixo tudo que os oprime e menoriza!!!
Meu caro amigo Dr. Melo Bento, mesmo com todos os cercos e entraves, vá lhes dando!...
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