domingo, 1 de junho de 2008

Costa Matos

Há muitos anos que se não houve falar dele mas isso não lhe retira o mérito de ter sido o percursor do espírito que explodiu após o 25 de Abril e que desaguou na actual autonomia constitucional.

Em vibrantes artigos de imprensa ele criou o ambiente de dignidade e de inconformismo que norteou uma considerável porção de espíritos mais preocupados com a terra e com o seu povo do que em vendetas e conspirações contra os imaginados cúmplices do regime anterior.

Tanto lhe fez interceder junto do responsável local por Jaime Gama quando a PIDE recebeu ordem para o prender como, depois da revolução, encabeçar um Movimento de autodeterminação deste Povo, cuja perseguição e assalto resultou na destruição das sedes dos partidos extremistas de esquerda e, após as prisões do 6 de Junho, em retaliações que nos puseram à beira da guerra civil com perseguições pessoais completamente anárquicas, bombas, incêndios de viaturas, espancamentos a Ministros do Governo Central e a polícias de choque recebidas com granadas e tiros de metralhadora, etc.

Animador e fundador da UDA, mais tarde rebaptizada de PDA, por causa das confusões, retirou-se da vida pública porque as manobras da baixa política não deixaram que o seu partido elegesse deputados para a Regional.

Incompreendido e magoado, desistiu de lutar quando a idade e a doença lhe roubaram a energia de lutador isento e lúcido.

Bem faz o PDA em homenageá-lo no 6 de Junho próximo. Assim ao menos condecoramos os que nos ajudaram a ser gente.
Carlos Melo Bento
2008-05-27

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