Os são-miguéis
Uma viagem profissional a S.
Jorge deu para perceber que anda no ar uma miserável campanha contra S. Miguel.
Aos são-miguéis tudo de ruim é atribuído. É atributo cuspido com desprezo e
algum ódio como se os micalenses fossem a causa de todos os males que os
atormentam. Anteriormente só se ouvia esse insulto vindo da Terceira. Aqui até
se percebe por causa dos complexos de inferioridade económicos, inversamente
proporcionais aos intelectuais e culturais. Todavia numa ilha como S. Jorge com
uma mentalidade política tão conservadora como S. Miguel, empreendedores
infatigáveis, produtores do queijo mais famoso do país e certamente um dos
melhores do mundo, é incompreensível que nos atribuam culpas que não temos nem
defeitos que não são os nossos. Com a campanha eleitoral em curso cheira a
qualquer manobra de bastidor destinada a dividir o arquipélago e com ele o
nosso Povo em dois grupos: os micalenses por um lado, os maus, e os demais de
todas as outras ilhas, os bons. Para além do perigo imenso que este
divisionismo provoca, pois a união é a nossa maior força, essa atitude magoa e
muito, e nós não merecemos isso! A divisão só beneficia os inimigos do Povo
Açoriano e nem é preciso dizer-lhes o nome; a dor vem do sentimento de
ingratidão e quem não se sente não é filho de boa gente. Depois é mentira: nós
perdemos o banco e a companhia de seguros engolidos na voragem do
desenvolvimento harmónico que aceitámos de bom grado; nós temos menos
representação parlamentar, tendo em conta que somos mais de metade da população
eleitora e temos muito menos de metade de deputados; as nossas fábricas de
laticínios (salvo honrosas exceções) deixaram de nos pertencer e não é justo
que paguemos por aquilo que os atuais donos fazem em nome dos seus interesses
materiais. Acabem com isso já porque ninguém ganha em denegrir o irmão mais
forte. A Família é que perde.
1 de outubro de 2016
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