sexta-feira, 3 de março de 2017



Introspeção


Numa conversa sobre a criação da Casa dos Açores do Canadá, alguns açorianos das ilhas do grupo central, disseram uns para os outros, ”Melhor será que nos afastemos dos micaelenses porque eles estão sempre a brigar uns com os outros e com eles não vamos a parte nenhuma” A conversa magoa e muito. Principalmente porque é verdade. Nós micaelenses somos um povo com grandes qualidades a nível de indivíduos mas quando toca à união em busca dum objetivo comum, de nível superior importante, brigamos como ninguém e normalmente em voz pouco baixa. Depois, em vez de raciocinarmos sobre o assunto posto em cima da mesa, insultamos o outro, porque ele é isto, aquilo e aquele outro. E o outro responde na mesma moeda chamando-nos os mesmos nomes e, por vezes, estendendo-os à família mais próxima e por aí fora. Há exceções, é verdade, e quando aparece um Mota Amaral, um José de Almeida, um Carlos César ou um Aristides da Mota, somos solidários e, consequentemente, invencíveis. Por outro lado, depois duma discussão feia, ficamos todos mal uns com os outros…para sempre! Isto é, até à próxima festa em que todos falam como se nada fosse e ficamos prontos para a mesma discussão e assim sucessivamente. Por isso, às vezes, não somos levados a sério e, por isso, também, é tão fácil uma pessoa de fora ter mais influência sobre nós do que um dos nossos. Basta perceber o esquema, ser esperto quanto baste e, quando damos por isso, estamos a emigrar para qualquer lado, que os lugares estão todos ocupados pelos de fora, e o pior nem sempre são melhores que nós. Por isso, nos tempos históricos da FLA, alguém gostava de dizer que o melhor dos outros é sempre pior que o pior dos nossos. Mas, enfim, a vida continua e se tivermos de começar outra vez do princípio, não é o fim do mundo. Já não seria a primeira vez…

28 de novembro de 2016   

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