terça-feira, 20 de julho de 2010

Vão Bugiar

Duas estranhas coisas ocorreram esta semana. Recebi um email dum ilustre desconhecido que quer à viva força conceder-nos a independência, devido aos altos custos e prejuízos que os Açores provocam a Portugal e o remetente está farto de nos pagar a paparoca. A outra foi uma notícia publicada nos nossos periódicos, pela qual se ficou a saber que a nossa Universidade dá um prejuízo enorme aos cofres do Estado. É até a universidade que mais prejuízo dá aos ditos, de entre todas as outras escolas superiores. Para a coisa parecer ainda mais feia, não dizem qual é o prejuízo total (porque isso daria vontade de rir se comparado), apenas revelam o que percentualmente gasta cada aluno. E pensar que o juro do dinheiro que nos gamaram da venda dos bens das Misericórdias, com que montaram lá o caminho-de-ferro, ainda rendia o suficiente para justificar o que a base das Lages não lhes dá em brinquedos bélicos e alcavalas, e o mercado paralelo, e os invisíveis, e o jogo, e outras coisinhas que o melhor é estar calado, vêm agora os do ensino sangrar-se em saúde contra os esbanjadores açorianos que querem ser gente como eles. Não têm dinheiro não estudam! Não têm posses para tirar um curso universitário, vão trabalhar para a universidade da vida que sempre sai mais barato e ainda são capazes de render algum. Estas notícias que com irritante e pouco inocente regularidade são enviadas para os nossos jornais e religiosamente publicadas sem qualquer crítica ou desmentido, destinam-se a criar em nós a ideia peregrina de que somos uns pobretanas que só vivemos como vivemos porque os perdulários centralistas nos dão dinheiro para sobreviver e, quando a fonte secar, vamos todos para a miséria pedir esmolas à porta da Sé de Lisboa. Vão mas é bugiar que se faz tarde e o calor aperta.
Carlos Melo Bento
2010-07-20

1 comentário:

melo angelo disse...

Então , eles agora querem nos dar Independencia, pois bem, acho que tem alguma razão, porque eu já ando farto deles, também alguma vez na vida deveriamos dar o certo pelo incerto, com isso evitariamos a morte lenta, quando levamos uma vida a ouvir as mesmas vozes , os mesmos discursos, enfim, a monotonia vestuta dos Srs, Lusitanos, talvez algum vento de mudança , quem sabe se seria benéfico, mas que eles não façam valer a lei que por eles foi derrubada, para a imporem contra nós. Devo dizer que em minha opinião, as Universidades foram fundadas para formarem gente válida, que elas são o verdadeiro motor das Sociedades desenvolvidas, e não para darem lucros, o melhor investimento de um País é aquele que vai na educação, feliz do País que tem um povo culto.