Não haverá centralismo se não houver seguidismo. E a contrária também é verdadeira: só haverá centralismo se houver seguidistas. Seguidismo pode definir-se como a atitude mental que se traduz na obediência cega e acrítica às ordens “superiores” e dos “superiores”. É óptimo e assume importância fundamental na disciplina militar, principalmente em tempo de guerra. Em política, a questão é mais complicada porque a política é uma arte difícil. É aparência, é habilidade, é coragem, é resultado. É conseguir paz e harmonia social. É lutar contra o desemprego, contra a fome, contra a insegurança. É obter progresso na educação e na cultura. É formar homens e mulheres dignas desse nome, capazes de defender os valores supremos da sociedade humana: a vida e a natureza que a sustenta e permite. É criar justiça nas relações sociais, económicas, familiares e penais. Homens e Mulheres, entenda-se, não escravos humildes e submissos. O medo de ser livre faz o orgulho de ser escravo. Os açorianos são seres livres, que saíram do reino de Portugal há 500 anos, por aventura ou enfartamento, enfrentaram o Mar tenebroso, descobriram, povoaram e defenderam, praticamente sozinhos, estes penedos alagados e instáveis neste fim do Mundo. Não precisam de ninguém que os ensine a sobreviver aqui nem que lhes dê ordens do alto dos tronos a que se alcandoraram. Precisam apenas que não lhes tirem nada e, se possível, que lhes devolvam o que lhes roubaram todos esses anos. A nós não nos deram pedaços dum País. Nós é que para aqui viemos descobri-lo e construí-lo. A massa de que somos feitos, a cultura que trouxemos, a vontade que nos sustenta são idênticos às da nossa origem? Sim mas tão autónoma como a matriz de que saímos por vontade própria. Quem nos não trata com dignidade e respeito não deve merecer o nosso apoio. Senão, todo o nosso sofrimento foi em vão.
Carlos Melo Bento
2011-01-04
Carlos Melo Bento
2011-01-04
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