Fidel, aparentemente, abandonou o poder. A propósito, recordo duas ou três coisas. A primeira é que, apesar do cripto comunismo do cubano e o anti comunismo visceral de Salazar, eles entendiam-se comercialmente. Lembro-me, criança, de ver os navios das linhas Mambíseas na doca e até de tentativas de fuga do paraíso deles para o nosso. Recordo com amargura os aviões que paravam em Santa Maria com cubanos que transportaram a morte para Angola depois da descolonização e a cruel indiferença dos governantes de então (senão da sua protecção) a esses voos criminosos que ajudaram a impor aos nossos irmãos angolanos uma longa e dolorosa guerra civil que os matou e estropiou numa escala monstruosa e desumana ou os forçou a emigrar. Sobre esses voos, os Blocos e quejandos não falam, tão ciosos de proteger os inocentes assassinos que espalham um terror suicida pelos quatro cantos do mundo, numa cegueira de pasmar e enraivecer o mais calmo. E o pior é que, governantes responsáveis ainda lhes dão troco político como se fossem pessoas sérias e respeitáveis. Arrepia-me pensar que foram levados para Havana autocarros e tantas outras coisas que empresas portuguesas haviam levado para Angola, pagos com trabalho e sacrifício, para serviço duma das mais sanguinárias ditaduras que o planeta albergou. Dessa não falam eles, talvez pensando que, com viagens turísticas apagam o sangue derramado ou tiram as grades a tantas gerações de homens e mulheres que desde os anos cinquenta aspiram pela liberdade.
Carlos Melo Bento
2008-02-19
Carlos Melo Bento
2008-02-19
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