sábado, 9 de fevereiro de 2008

Aqui d'el Rei

D. Carlos I, o Chefe de Estado que assinou o decreto de 1895 com a primeira autonomia dos Açores, visitou-nos seis anos depois, gerando uma onda de forte simpatia pois, amável e cativante, ficou na nossa memória com uma série de gestos benemerentes que a todos sensibilizaram. Decorridos mais seis anos, é assassinado com seu filho primogénito, o que nos deixou incrédulos e estupefactos. A proclamação da República não apagou a vileza do acto e a revoltante desumanidade de se matar um jovem só por ser filho de quem se odeia. E quando o assassinado é o Chefe do Estado, tal morte soa a abjecto, antinatural e condenável parricídio. A Rússia que seguiu o exemplo português e assassinou cobarde e cruelmente adultos e crianças reais, quando acordou do pesadelo soviético, redimiu-se recolhendo os corpos no panteão e chorou a nódoa indelével da vergonha que há-de manchar para sempre o povo que a cometeu. Uma república que tem uma Família Real tem mais património que outra que a não tenha, porque símbolos vivos duma História que os colocou no mapa. A presença de Soares e Cavaco no casamento de D. Duarte, deu uma lição de classe e condenou o regicídio, mostrando que os civilizados podem conviver com o seu passado em tolerância e liberdade, sem complexos medíocres, tentando fazer melhor pelo País do que o regime que os precedeu. Quando precisou, a Espanha usou a Família Real em seu proveito. Porque a tinha. Se a nossa for factor de união da antiga portugalidade todos ganharemos.
Carlos Melo Bento
2008-02-04

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