Quando a República chegou em 1910, via revolucionária nunca referendada, a nossa reacção foi a de espanto. Os autonomistas que eram quase toda a intelectualidade micaelense e terceirense, tinham formação monárquica, mas a sua importância política esfumou-se. Lisboa aproveitou para tomar decisões contrárias aos nossos interesses, como a inqualificável extinção do Tribunal da Relação dos Açores. Os republicanos aqui eram uma minoria e nada pôde a maioria contra eles, dado que Lisboa os apoiava e a Família Real, desamparada, fugiu. A autonomia esperou até 1925 para se manifestar. Os desfavorecidos nada receberam do novo regime a não ser vãs esperanças de bacalhau a pataco e outras balelas inventadas pelos políticos de ocasião. Também se vivia, dizia o meu querido Pai. Mas a que preço! Vieram os adesivos que gritavam vivas a pensar na barriga e esquecendo os princípios, a moral e a ordem. Deu no que deu. Os regimes valem o que valem e, normalmente são desfeitos de dentro quando os que os fazem não conseguem defender com diligência e inteligência o interesse geral. Branqueamentos há sempre mas a verdade acaba por flutuar. Nestas eleições daremos uma lição de correcção. Berta Cabral será reeleita, penso, porque serviu com imparável dinamismo. César será respeitado como o cabeça da autonomia que soube defender e aumentar. E esses dois baluartes do nosso viver actual são fonte de progresso, credores de respeito e alicerces de poder dum Povo que quer ser respeitado. Somam-se, não se anulam.
Carlos Melo Bento
2009-10-06
Carlos Melo Bento
2009-10-06
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