O 6 de Junho da esquerda democrática era esperado. É que, estando a esquerda no poder, haveria de chegar o momento em que os interesses dos Açores teriam de conflituar com os do resto do País e, então, os nossos esquerdistas teriam que decidir o que tivesse de ser decidido e os outros haveriam de fazer os escarcéu do costume, com as habituais consequências. Até aqui, a esquerda centralista (!) não admitia que os Açores retirassem aos trabalhadores um cêntimo, pois que os separatistas (nome porque lá fora são conhecidos os açorianos que gostam de administrar isto sem terem de pedir licença) eram uns terratenentes fascistoides que exploravam sem consciência os trabalhadores e os mais desfavorecidos para irem depois dançar e jogar a dinheiro para o clube. A coisa virou, a esquerda subiu ao poder (e bem, diga-se) e eis que os governantes começaram a tomar as medidas que têm que ser tomadas para vivermos um pouco melhor e, apesar do muito que foi feito no social, ainda longe da média nacional. Preocupados com a previsível fuga de cérebros da classe média, chaga que sempre nos atormentou desde que somos gente, os nossos deputados criaram uma compensação para aqueles dessa classe que iriam sofrer com as diminuições salariais tornadas necessárias pela construção de mil milhões de euros em estádios de futebol e outras tolices de novos ricos que por lá se fizeram. Sérgio Ávila arrecadou algumas poupanças e chegou a altura de jogar pelo seguro e manter aqui os que mais falta nos fazem. Ardeu Troia. Que esse dinheiro era deles! Que a solidariedade etc. etc. O dinheiro não é deles, é nosso: 600 milhões das Misericórdias, 1832; 250 milhões da moeda de ouro virada papel, 1898; 50 milhões da moeda fraca em 1931; a Base etc.; o pouco que deram (vindo da Europa) nem dá para o juro. Deixem-nos governar o que é nosso. Aprendam connosco a não fazer asneiras e bico calado.
Carlos Melo Bento
2010-12-07
Carlos Melo Bento
2010-12-07
Sem comentários:
Enviar um comentário