terça-feira, 9 de março de 2010

Lucidez

Foi desconcertante ouvir um dirigente do Lusitânia, glória do desporto açoriano, dizer que o nosso Governo era o coveiro do Clube. Depois a explicação, ainda mais desconcertante: deu tanto dinheiro que os sócios se desinteressaram; isto faz recordar a fúria de Mota Amaral quando o não deixarem mudar o Banco Micaelense para Banco dos Açores, tendo sido obrigado pelos centralistas e agentes locais, a usar a firma mais prosaica de Banco Comercial dos Açores pois pretendia então (bons tempos) que tivéssemos um instrumento para regular a vida financeira; ali eram depositados os vencimentos dos funcionários regionais, etc. mas, passado algum tempo, ele promovia a urgente venda do banco que por pouco não lhe faliu nas mãos. Não passa pela cabeça de ninguém que César ou Amaral quisessem prejudicar as instituições que generosamente as suas Administrações ajudaram. Mas o facto objectivo é que prejudicaram. No banco, deram-se empréstimos políticos, tecnicamente condenados e abriu-se um crédito mal parado que o colocou em falência técnica. No único clube que conseguiu ser campeão açoriano só com jogadores nossos, a coisa está como está. Parece-me poder concluir-se que o Estado nem sempre ajuda quando pode e quer. O efeito da ajuda às vezes é o contrário, como aquele que recebeu subsídio de desemprego durante tanto tempo que agora está na cadeia, pois no período em que ganhou sem fazer nada, ganhou vícios que o levaram ao crime; como os que se tornam tóxico dependentes porque recebem o rendimento mínimo de reinserção que usam na compra do produto ao tal desempregado com subsídio, o que significa que, bem vistas as coisas, o erário público financiou o tráfico e o consumo porque foi ele (nós) quem pagou tudo e, agora sustenta o preso, à razão de 5.000 €/mês. Socialismo, Estado Social, com certeza, mas com lucidez.
Carlos Melo Bento
2010-03-09

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