Será que uma figura pública tem direito a vida privada? Ou, pelo contrário, tudo o que ele fizer, à mesa, na cama ou no banho é do domínio público? O mundo mudou e nós com ele. Aquilo que seria impensável há 40 anos hoje é quase obrigação (Bob Hope com mais de 90 anos, ao deixar a Califórnia, explicou que o fazia porque a homossexualidade se tornava legal naquele estado e ele temia que se viesse a tornar obrigatória…). Teremos nós o direito de saber os segredos da vida privada do nosso presidente ou da presidente do maior partido da Oposição? Ou Carlos César e Berta Cabral têm o direito a fechar a porta das suas residências aos olhares do público? Que ela não tem direito à televisão pública quando toma posse do mais importante cargo autárquico desta região dita autónoma, parece uma evidência. Por outro lado, pode argumentar-se que, se essa vida privada tiver influência nas nossas vidas, então temos o direito de saber dos defeitos mais recônditos das duas pessoas mais importantes dos Açores de hoje. Isso tem sido admitido, por exemplo (e é razoável) quando os segredos dum político podem permitir que seja chantageado por escroques. Quando foram divulgadas as escutas de Nixon no WaterGate, a linguagem brejeira deste é que o destronou mais do que o seu envolvimento no complot, que se deu a posteriori. Mas foi o Supremo Tribunal que obrigou a essa divulgação, arredando o invocado privilégio executivo dos presidentes. Por estas bandas quem é que pode levantar esse privilégio? O presidente da junta?
Carlos Melo Bento
2009-11-24
Carlos Melo Bento
2009-11-24
Corrupção
Há coisas que não se percebem. Contra o que era uma tradição quase milenar, a investigação criminal começou a adoptar nomes de código para certos processos. No tempo da Guerra os beligerantes tinham a “operação” Félix e a “operação” Sea Lion etc. nós, sem guerra, inventámos a operação Apito não sei quê e a Face não sei quantas. A justiça deixou de ser a pacata senhora que no recato dos palácios de justiça cumpria. Hoje, entrou-se (em democracia!) em estado de guerra com nomes de código e tudo e a justiça tornou-se uma histérica, sequiosa de exibição, qual vedeta espaventosa que prende sem julgamento, condena sem defesa e escuta tudo e todos, incluindo, calcule-se, o Chefe do Governo! Que imagem estamos nós a dar lá fora? A ânsia de imitar o pior que há, com os comunistas, agora sem esse nome, a querer crucificar o primeiro-ministro italiano e a esquerda a querer fazer o mesmo em França com Chirac. Mas o que gostaria de sublinhar hoje, é que se está com a tal Face a querer combater a corrupção. Pois, não se sabe como, o que devia estar em segredo de justiça, transborda na comunicação social só faltando divulgar-se as páginas onde se encontram as coisas investigadas. Ora, sabendo-se que é impossível tais fugas de informação se darem autorizadamente, porque isso é crime, só resta a conclusão de que elas se dão por virtude de alguém que luta contra a corrupção e se deixa corromper, também. Por dinheiro, por militância política, seja pelo que for. Mas corromper. Oh céus! Quando é que isto pára?
Carlos Melo Bento
2009-11-17
Há coisas que não se percebem. Contra o que era uma tradição quase milenar, a investigação criminal começou a adoptar nomes de código para certos processos. No tempo da Guerra os beligerantes tinham a “operação” Félix e a “operação” Sea Lion etc. nós, sem guerra, inventámos a operação Apito não sei quê e a Face não sei quantas. A justiça deixou de ser a pacata senhora que no recato dos palácios de justiça cumpria. Hoje, entrou-se (em democracia!) em estado de guerra com nomes de código e tudo e a justiça tornou-se uma histérica, sequiosa de exibição, qual vedeta espaventosa que prende sem julgamento, condena sem defesa e escuta tudo e todos, incluindo, calcule-se, o Chefe do Governo! Que imagem estamos nós a dar lá fora? A ânsia de imitar o pior que há, com os comunistas, agora sem esse nome, a querer crucificar o primeiro-ministro italiano e a esquerda a querer fazer o mesmo em França com Chirac. Mas o que gostaria de sublinhar hoje, é que se está com a tal Face a querer combater a corrupção. Pois, não se sabe como, o que devia estar em segredo de justiça, transborda na comunicação social só faltando divulgar-se as páginas onde se encontram as coisas investigadas. Ora, sabendo-se que é impossível tais fugas de informação se darem autorizadamente, porque isso é crime, só resta a conclusão de que elas se dão por virtude de alguém que luta contra a corrupção e se deixa corromper, também. Por dinheiro, por militância política, seja pelo que for. Mas corromper. Oh céus! Quando é que isto pára?
Carlos Melo Bento
2009-11-17
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