quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Compensação

Quem fez a actual lei eleitoral proclamou-se magnânimo em relação aos pequenos partidos e criou um círculo chamado de compensação onde gerou 5 lugares de bónus que eram destináveis a esses deserdados da fortuna eleitoral. Tudo levaria a crer que os que não obtivessem mandatos nos círculos de ilha, seriam os únicos a concorrer ao outro. Puro engano. Bem sei que, como povo, somos fracos em matemática mas contas bem feitas, parece que o tal círculo compensatório (compensação de quê?) vai acabar todo na mão dos grandes partidos que praticamente se apropriaram desta democracia, numa espécie de duas Uniões Nacionais que controlam quase tudo.
Os orçamentos eleitorais são um escândalo se tivermos em conta que fora as escandalosas verbas ali não estão contabilizadas nem as horas nem os transportes nem os telefonemas dos “voluntários” e, até custa a crer que se gaste tanto dinheiro na “festa” da Democracia para convencer 100.000 eleitores se tantos forem os que se dispuserem a votar. Penso até que as campanhas eleitorais convencem apenas aquela parcela muita pequena dos indecisos que até à última hora não sabe o que é melhor.
Sempre sonhei com uns Açores em que todos se conhecem e fosse fácil escolher. Que ilusão! Nas Flores, a nossa candidata colou dois cartazes em lugar improvisado que a Câmara nem placards proporcionou. Meia hora depois estavam arrancados. Os quadros de meu irmão estiveram mais tempo na Gulbenkian…
A maioria guia-se e move-se em direcção da luz dos interesses. Só comida os junta. Que tristeza.
Carlos Melo Bento
2008-10-07

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