terça-feira, 20 de maio de 2008

Povos


O território de Portugal era povoado por cantabros a norte (de Barcelos a Barcelona), celtiberos ao centro (com capital em Mérida) e turdetanos a sul (de Sevilha ao cabo sagrado, hoje Sagres, onde enterravam os seus mortos importantes). Passaram-se os anos, Afonso Henriques e o Infante e deu-se Portugal emancipado de outros impérios para ser ele próprio e descobrir o Mundo. Por sua vez, gerou nesse Mundo que descobriu e povoou, o povo do Brasil, o de Cabo Verde, o da Madeira e o dos Açores e mais. Uns independentes outros não, se bem que autónomos. Com a mesma cultura e língua mas diferenciados nas trajectórias geográficas e históricas, condicionantes duma maneira de ser e dum estado de espírito diferenciados e irreversíveis. Rebeldes todos à tutela odiosa da matriz inicial quando esta quer manter manu militare ou por via legislativa o comando político e económico no seu proveito exclusivo. Aconteceu no Brasil em que o Parlamento português apressou a independência por ter alterado o novo estatuto que o Tira-dentes anunciara anos antes à custa da própria vida. Aconteceu na Grécia e na Grande Grécia e em todo o mundo em que os Povos se expandiram para fora do seu território inicial. Porque seria que havia de ser diferente aqui, a dois mil quilómetros e a 5 séculos de distância? Carlos César tem razão. Aqui, vive o Povo Açoriano. O resto são moratórias artificiosas que o tempo e a circunstância se hão-de encarregar de afastar.
Carlos Melo Bento
2008-05-20

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