sábado, 5 de abril de 2008

Unanimidades

A reaprovação do nosso Estatuto pela AR por unanimidade nada significa. Primeiro porque há 30 anos essa mesma assembleia aprovou por unanimidade num dia o que desaprovou por unanimidade no outro, se não me engana a memória, por causa duma dolorosa e inútil questão de bandeiras que ia dando um sarilho grande e que hoje é letra morta.

Depois, porque a habilidadezinha de aprovar na generalidade para depois tirar na especialidade é coisa para enganar pacóvios, qualidade que talvez haja mais lá do que cá. Se seguirmos o que cada partido fizer agora que o nosso Estatuto “baixou” às comissões, talvez os eleitores atentos possam tirar conclusões sobre a existência ou não de hipocrisia política nas manobras de bastidor, acobertados por um semi anonimato ou por algum parecer com que o doutor Miranda costuma ajudar nestas ocasiões as estafadas teses centralistas.

O novo Estatuto foi um trabalho de fundo feito com alguma coragem (ia escrever arrojo) e com a cautela de ouvir atentamente tudo e todos (até o nosso PDA teve honras de opinar e opinou). Consagra pela primeira vez essa realidade incontornável que é o Povo Açoriano e que só a miopia política de uns tantos teimou em não aceitar até que se tornou cegueira fazê-lo.

Talvez seja politicamente incorrecto ou até prematuro afirmá-lo agora mas já podemos sonhar com as Repúblicas Unidas de Portugal, Açores e Madeira para ver se, duma vez por todas, entendem que somos iguais e irmãos e que em igualdade e fraternidade estamos condenados a viver.
Carlos Melo Bento
2008-04-05


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