quinta-feira, 13 de outubro de 2011

E nós?

A vitória de Jardim faz pensar. Nunca um líder insular tinha tido tanto unanimismo contrário a partir do resto do País. Jornais, revistas, rádios, televisões, todos juntos tentaram tirá-lo do poder. Insuspeitas instâncias ameaçaram-no com processos criminais. O próprio partido dele fora da Madeira lavou as mãos como o romano do Credo. Sozinho, ele ameaçou com a independência: se não querem pagar, então que nos dêem a independência, vociferou ele pelo menos duas vezes. Ninguém tugiu nem mugiu. Também é verdade que ninguém disse que não pagava…e estamos nisto, a ver agora se é mais forte a devoção ou a obrigação. Os madeirenses mantiveram-no. Pelos vistos porque concordam com ele. E o futuro será o tempo de todas as decisões por mais próximas do abismo que ambas pareçam. Isto na Madeira. Por cá, as coisas complicaram-se também. Dizer que as eleições da Madeira não são nada connosco, é errado. Se não fossem, Carlos César não tinha posto fim às dúvidas sobre a sua recandidatura, no último dia da campanha deles. A oposição laranja parecia ter a sua vitória futura dependente disso, numa confissão um tanto disparatada de falta de confiança em si própria. Mas César deu-lhes a volta designando um delfim, embora com uma não candidatura a meia haste porque criou uma situação inédita: mantém o poderoso secretariado e consegue unanimidade sobre o sucessor dentro do PS. Mas o PS não é o eleitorado e não é certo que na passagem da fasquia, a equipa mantenha a mesma velocidade e o mesmo apoio que o prestigiado Presidente teve, dentro e fora do partido. Ávila e Contente foram dois esteios arquipelágicos de peso, eixos sobre os quais girou a indispensável união açoriana e o próprio poder interno no Governo. Com Vasco Cordeiro as coisas nunca serão iguais, caso vença. É o nosso destino que está em jogo, e nas próximas eleições, mais que nunca, não nos podemos enganar.
Carlos Melo Bento
2011-10-11

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