Bárbara Jacob Oliveira concluiu o ano lectivo de 2010, em Filosofia, na Escola Secundária Antero de Quental, com vinte valores. A Fundação Sousa d’Oliveira resolveu atribuir-lhe o prémio anual que por esta época costuma entregar aos melhores alunos, ou de história ou de filosofia. Faz pensar que, numa época em que a mediocridade campeia como coisa boa, ainda este povo produz cérebros e vontades capazes de a ultrapassar elevando-se ao patamar da excelência. Ainda está viva na memória dos da minha geração a ideia de que os alunos deveriam ser classificados apenas de aptos ou inaptos; as excelências eram aberração desprezível. Estamos pagando essa falta de tino de uns tantos políticos que brincam com a vida e com o futuro dos outros, convencidos de que só eles têm razão. Por isso, o ranking das nossas universidades é uma vergonha, por isso é que temos os prémios que temos que poucos compreendem e de que quase ninguém gosta mas, como na história do rei nu, todos fingem apreciar, vendo o que não existe e louvando ficções que burlões sem escrúpulos apresentam a troco de prebendas mais ou menos disfarçadas. O nosso povo, no geral, possui uma cultura bem escassa, a despeito dos grandes valores que desde sempre gerou, e trata sempre com grande animosidade aqueles que conseguem alçar-se a patamares mais elevados. Prefere o curandeiro ao médico, o bruxo ao diplomado, o audaz ao ponderado, aplaude a aparência e despreza a essência das coisas. Por isso estamos sempre em crise e nunca somos senhores do que é nosso. Nem no material nem no espiritual. Mas a esperança não está perdida. Continuamos a geral do melhor que há no mundo. Podem chamar-se Craig Mello ou Bárbara Oliveira mas continuam a sair da forja como produto natural dum povo são. Quem caçara que um dia nos puséssemos conscientemente na mão deles e só deles.
Carlos Melo Bento
2010-06-29
Carlos Melo Bento
2010-06-29
Sem comentários:
Enviar um comentário