Custa ouvir que não vale a pena uma crise política por causa da lei das finanças regionais e custa mais ainda o riso escarninho e de desdém com que isso é dito por pessoas de alto saber e grossas reformas. O orçamento, a pesada dívida gerada por políticas sempre rigorosas e criteriosas, os défices gigantescos filhos desses mesmos cuidados e tudo com que nos massacram diariamente os políticos, isso vale a pena e é importante e merece uma boa crise. Lá as regiões ditas autónomas nem pensar. Têm um território quase igual ao Algarve, meio milhão e tal de habitantes residentes e quatro vezes isso emigrado mas não, uma crise por sua causa seria impensável. Registe-se para os devidos efeitos para memória futura que a do povo ilhéu é por natureza fraca. Navegando em favorável conjuntura, por acaso, o vento corre a nosso favor. O vento e os argumentos, que nove é mais difícil que uma e meia. Bem tentam os madeirenses virar o cata-ventos mas sem sucesso que o primeiro-ministro não deixa. E qualquer solução que este triste diferendo possa merecer deveria ter em conta não apenas esta conjuntura mas esta e as futuras que tudo muda e quem boa cama fizer nela se há-de deitar. E a boa cama quer-me parecer seria unirmo-nos contra a ambição desmedida de quem se esteve nas tintas para o abandono a que votaram os que tudo arriscam por terem de suportar uma base que confere importância e muito dinheiro ao todo. A solidariedade é moeda de duas faces e quando tenha de ter uma só, que seja a nossa.
Carlos Melo Bento
2010-02-02
Carlos Melo Bento
2010-02-02
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