O edifício do tribunal da Ribeira Grande foi construído de novo há poucos anos. Em 1964, quando me formei, já se falava na sua construção. Só agora essa velha aspiração foi concretizada. Infelizmente, porém, de forma muito atabalhoada para dizer o mínimo. Para já, construíram-no no lugar dos paços quinhentistas do antigo Pedro Rodrigues da Câmara, que governou a ilha durante a menoridade e ausência do sobrinho, fazendo daquele lugar a capital da maior e mais importante capitania insular onde toda a gente tinha de se deslocar para despacho. Sousa d’Oliveira fez ali espectaculares descobertas arqueológicas. Depois, quem ganhou o concurso para a construção foi uma empresa de fora, agora falida que deixou pendurados vários subempreiteiros de cá, levados pela confiança num empreiteiro escolhido pelo Estado. As salas de audiência parecem túmulos egípcios pois não têm uma única janela! Finalmente, o edifício está literalmente a cair aos bocados, mete água e tem as paredes rachadas e a fachada exterior isolada com uma fita do género “crime scene” dos filmes americanos porque os grandes vidros do balcão caem e podem guilhotinar alguém. Que raio de autonomia é esta que nem tem poder para fiscalizar e escolher os empreiteiros que aqui trabalham para o governo e pelos vistos nos enganam? Se o Estado não sabe governar à distância, então porque razão não são os de cá a fazer o que, cá, só nós sabemos fazer? O que é que os outros são mais que nós? Pelos vistos até são menos…
Carlos Melo Bento
2009-10-20
Carlos Melo Bento
2009-10-20
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