segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Surpresas

As autárquicas surpreendem sempre. Desta vez foi Vila Franca. É verdade que nas legislativas de há dias o PS ganhou e o Dr. António Cordeiro dizia a toda a gente que ia ganhar folgado. Mas, no Nordeste, o PS também ganhou nas legislativas e perdeu nas autárquicas. Rui Melo terá defeitos mas o que transpirava era a grande obra realizada pela sua administração na velha capital que de pequena aldeia piscatória ergueu à categoria de autêntica cidade, e sem hostilizar o governo de César com quem conseguiu uma notável coabitação a favor do seu concelho. Certo que Ricardo Rodrigues, agora com prestígio nacional, apoiou o candidato socialista e não deve ter sido indiferente a influência duma família tradicional com raízes, de Ponta Garça à Vila. Acusaram Rui Melo de nepotismo e prepotência. Já não surpreendeu a vitória de Ávila na Povoação, passados anos de ausência do velho leão socialista. Quando perdeu, acusaram-no de arrogante e prepotente. Agora venceu folgadamente. Terão pensado que, mal por mal, Marquês de Pombal? Não sabemos. Ainda! Outra questão é a intervenção governamental na autonomia autárquica. O país nasceu dessa autonomia que vem do tempo dos mouros. Os reis não mandavam nos concelhos. Só lá punham os pés quando convidados. Se outro poder se imiscui nessa área viola a essência da autonomia, alicerce do viver atlântico. Há personalidades que ganham em qualquer partido (veja-se o Corvo e Flores) e isso é salutar porque manda o povo. Desvirtuá-lo é um erro, com Amaral, com César ou seja com quem for.
Carlos Melo Bento
2009-10-13

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