Serem os marienses os mais inteligentes e espertos, os micaelenses os mais trabalhadores? De que serve carregarem os terceirenses às costas, como o Atlas, a História de Portugal e os jorgenses serem os mais hábeis e engenhosos de todos nós? De que serve serem os graciosenses os mais educados e os picoenses os mais corajosos e diplomatas dos açorianos? De que serve serem os faialenses melhores políticos que os outros, os corvinos os mais bravos e agradecidos de todos nós e os florentinos os mais bondosos... se nós continuamos de costas viradas uns para os outros como se não habitássemos o mesmo Arquipélago, como se não fossemos todos controlados à distância por quem nem a si se sabe controla? Como se as leis votadas e aprovadas, por nós e por eles confirmadas, não fossem desobedecidas por eles próprios, por meros caprichos e birras incompreensíveis que espezinham todo um Povo, negando-lhes até a dignidade de se chamar a si próprio o nome que a História e os seus Maiores escolheram! De que serve isso? Não será que não temos direito a ser felizes também? Não será que esta gente perdida no meio do Mar imenso, há quinhentos anos, não tem o direito de juntar a si os seus pedaços repartidos pelos quatro cantos do mundo, espalhados pelo abandono, desprezo e exploração sem escrúpulos de gerações de senhores sem lei e sem coração? Que raio de Democracia é esta que nos nega com uma mão o que nos dá com a outra? Não me conformo com o só podermos ser gente quando nos expatriamos.
Carlos Melo Bento
2009-05-26
Carlos Melo Bento
2009-05-26
1 comentário:
Infelizmente o bairrismo, neste caso ilhismo, é uma herança muito portuguesa que nos coube.
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