A nossa autonomia como realidade e conceito político não é coisa fácil de entender na capital dum país onde a democracia tem poucas e fracas raízes. Servem de prova desta afirmação as posturas do insuspeito Jorge Sampaio cujos conceitos democráticos foram por ele praticados desde tenra idade e que, mesmo assim, acabou por concluir, contra toda a lógica democrática, que o crescimento da nossa autonomia tinha acabado, como se fosse possível a esta distância alguém prever quando é que uma instituição social pára de crescer, estagna ou morre. O presidente Cavaco Silva segue o mesmo raciocínio embora por outras vias, tentando até usar os seus deveres moderadores para pressionar o poder legislativo a desdizer o que disse no que foi a primeira atitude verdadeiramente democrática, em relação a nós que este poder tomou com alguma firmeza e constância desde 1974. O Povo Açoriano o quis, assim o teve. O actual Presidente não entende assim. Mas a autonomia é uma bolsa de liberdade e poder colectivo que a história e a geografia geraram e num corpo maior e que tem de ser respeitada senão a felicidade dos povos periga ou não se realiza. Só que o unitarismo estatal, versão nova do velho centralismo, não o consente e aquele, arrimado ao Tribunal Constitucional com quem mantém uma relação no mínimo estranha para um Tribunal, seduziu o Presidente, talvez esquecido dos que aqui votaram nele. Ou não? Um pai que quisesse manter o filho sempre criança, teria ainda assim direito a ser considerado bom pai?
Carlos Melo Bento
2009-04-07
Carlos Melo Bento
2009-04-07
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