quarta-feira, 2 de julho de 2008

Era de Esperar

Foi com espanto que o País assistiu à agressão física a um juiz em pleno tribunal. Quando em Ponta Delgada, numa mesma noite, foram assaltados e vandalizados vários escritórios de advogados, logo suspeitei que, a seguir, iriam os juízes sofrer a mesma desconsideração, pois se quem os defende não é respeitado muito menos será quem os condena. Ninguém pareceu ligar a mínima importância a essa preocupação mas a verdade é que se tem vindo a degradar a imagem da justiça aos olhos das pessoas, perante uma campanha pouco inocente, que faz dos seus operadores uma cambada de malandros que nada fazem, ganhando em compensação uma data de massa. É-lhes indiferente que aqueles trabalhem horas a fio, pela noite dentro, sem férias nem feriados nem sábados nem Domingos e que resolvam bem e atempadamente mais de 90% dos processos. Julgam-nos pelas excepções e, como de costume, paga o justo pelo pecador. Basta um erro num processo ou a demora noutro para toda a justiça não prestar. Esquecem-se os incautos que não há países sem justiça, nem ordem sem lei, nem progresso sem ordem. Uma sociedade injustiçada pode ser um bando de malfeitores, sociedade onde valha a pena viver é que não é. O estado tem de ser forte para não ser violento e é o medo que guarda a vinha que não o vinhateiro. Perdido o medo, o malfeitor nem a parra deixa. Veremos agora se o agressor do juiz não apanha alguma pena suspensa, pois, como dizia o outro, haja moralidade ou comem todos. Até quando?
Carlos Melo Bento
2008-07-01

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